sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Filosofias de Política Externa em Portugal


(Originalmente publicado no Psicolaranja)



Em entrevista à Sociedade das Nações, – título de programa agoirento, por sinal – Luís Amado foi explícito quando afirmou que qualquer entendimento com os partidos à esquerda do PS era impossível e que teria a sua reprovação, enquanto estes persistissem em políticas externas que não em conformidade com os eixos de política externa do actual regime, por outras palavras, que não tolerassem a integração Portuguesa da UE e da NATO – mais uma prova aliás, de que as ofertas de coligação de Sócrates não eram honestas.

Aquilo que tentarei explicar neste post, é o porquê:


Libertarismo – por muitos considerado como a anarquia de direita, os Libertários, em Portugal encontrados sobretudo nas franjas da direita e com simpatizantes nalguns partidos, são por natureza isolacionistas e não dão fundamental importância ao multilateralismo, à excepção daquele que facilite as relações económicas e comerciais.


Neoconservadorismo – Neste momento sobretudo prevalente no PND mas com simpatizantes no CDS ou no PSD, os Neoconservadores acreditam que os exércitos das potências democráticas devem embarcar em cruzadas para libertar o mundo da opressão política e “tornar o mundo seguro para a democracia”.


Internacionalismo Liberal – A filosofia por excelência do regime e a razão pela qual em matérias de política externa existe consenso no arco da governabilidade (CDS, PSD, PS), o internacionalismo liberal avança que o mundo é tanto mais seguro quanto mais democrático e mais liberal. Tende para as intervenções humanitárias e considera que os regimes demo-liberais são o auge da evolução política dos povos.


Internacionalismo Proletário – Evidentemente de inspiração marxista, esta escola de pensamento tem como adeptos os militantes do PCP mas provavelmente também ainda alguns no PS. Pauta-se por um apoio às revoluções proletárias e pela chamada “solidariedade socialista”. Esta implicaria o fim dos estados enquanto máquinas burocráticas de opressão da burguesia e do grande capital, em favor da revolução mundial dos trabalhadores.


Terceiro-mundismo – Provavelmente a escola de eleição do Bloco – embora também com muitos adeptos no PS – esta escola é de inspiração neo-marxista mas difere dos internacionalistas proletários na origem da revolução, que é mais urgente e necessária no 3º mundo i.e. nas zonas mais pobres do mundo. Difere também na questão dos direitos humanos, que assumem papel primordial, ao contrário do IP (comparar reacção do Bloco com a do PC, à visita de dignatários Angolanos) Numa visão altamente pós-moderna, o 3ºM é pacifista e assenta num transnacionalismo que é derradeiramente subversivo aos estados-nação. Em Portugal esta filosofia é promovida em publicações tais como o “Le Monde Diplomatique” e caracteriza-se por um fervor incondicional pela causa Palestiniana.



Assim, sem tolerar a competição livre ou a colaboração militar entre estados socialmente desiguais, dificilmente o BE ou o PCP poderiam integrar uma coligação com um qualquer governo centrista.



terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Príncipe Imperfeito

(Originalmente publicado no Psicolaranja)


José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é um Príncipe Perfeito.

Sim, a sua comuncação com o povo é astuta, e algumas das suas medidas políticas até tiveram o seu quê de coragem e inteligência.


No entanto, um governo e o seu líder não respondem por algumas medidas mas pelo seu todo. Se Pombal apenas respondesse pela perseguição aos Távoras, ele hoje seria um monstro. Se ele apenas respondesse pela determinação pós terramoto, ele seria um herói. Daí que a avaliação de um governo exija equilíbrio. O 1º governo Sócrates foi, nesta avaliação, medíocre.


Muitas das reformas que prometeu não foram concretizadas e outras foram mal concretizadas (de que serve a imposição de uma avaliação aos professores se esta não é minimamente meritocrática?...). Isto já para nem falar das condições históricas de que este governo usufruiu para concretizar reformas.


É também falacioso falar de choques tecnológicos e energias renováveis quando tudo é feito à custa do endividamento público. Igualmente, a reforma da segurança social, como o endividamento, é apenas empurrar os problemas estruturais do país para a geração vindoura – com a agravante dos juros.


Neste novo governo, vemos porque Sócrates não é um bom príncipe. A escolha de Augusto Santos Silva para a pasta da defesa seria cómica se não fosse gritantemente irresponsável.


Um líder tem o direito de ser duro, exigente até mesmo cruel mas nunca displicente com o supremo interesse nacional. Atribuir a pasta da defesa, um ministério estratégico do estado, a uma pessoa sem experiência, sem qualificações e sem sentido de estado, é uma vergonha e é também revelador da partidarização do regime.


Aquilo que Sócrates não compreende é que o Estado vem antes do regime, e que só depois deste último é que vêm os partidos. O PM por outro lado, trata o governo como um feudo. Augusto Santos Silva é um primo da mesma linhagem aristocrática do PM, que foi desagradável para com a linhagem rival, quando o Duque Sócrates não podia ser. Agora, o primo Santos Silva é recompensado com um feudo próprio pois os seus serviços não podem ser desaproveitados. Pouco interessa se o agora conde Santos Silva tem competência de gestão do condado que lhe foi atribuído.


Augusto Santos Silva não é uma pessoa de diálogo e o facciosismo que transpira certamente impedirá que procure consensos em matérias sensíveis como a política de defesa ou mesmo a política externa, aonde o Ministério da Defesa também é importante.


Daí que esta nomeação não mereça mais que repúdio, considerando que Augusto Santos Silva não tem as características políticas ou humanas, para dirigir as Forças Armadas Portuguesas.



Abaixo links para as iniciativas encetadas neste sentido:


Petição http://www.peticao.com.pt/demissao-santos-silva

CausaFB http://apps.facebook.com/causes/381482/2143486?m=7f359208