Quem beneficia do tandem Sarkozy-Zapatero? Decididamente a Espanha.
Quem sai prejudicado? De modo inversamente proporcional, Portugal.
Desde o século XIV que Portugal mantém uma aliança formal com o RU. Esta aliança surgiu no contexto da Guerra dos Cem Anos, quando a Inglaterra pretendia apoderar-se do trono Francês.
A aliança baseou-se num equilíbrio de forças regional. A França mantinha laços com a casa de Castela e Leão e Inglaterra com Portugal.
Depois da unificação da Espanha, a situação mudou e as relações entre a França e a Espanha arrefeceram e passaram a rivalidade. Depois da Guerra de Sucessão de Espanha os nuestros hermanos têm vivido relativamente sob a alçada de Paris.
O que é que esta nova cooperação estratégica entre Madrid e Paris significa? Ela significa uma parceria de iguais.
Portugal sai prejudicado porque teria interesse em ter um aliado para contrabalançar Espanha – o RU já não está interessado e Washington não sabe que Portugal existe.
Há também uma sintonia entre Portugal e França muito especial. Para além das excelentes relações entre Paris e Brasília – que a serem reproduzidas por Lisboa poderiam optimizar a coerência da CPLP enquanto espaço geopolítico – Paris e Lisboa partilham uma tradição linguística latina, são ambos estados-nação unitários de vocação atlântica e simultaneamente mediterrânica, com um passado colonial em quase todos os continentes do mundo e ambos com uma descolonização difícil; são duas repúblicas católicas regicidas com heranças quase milenares e de tradição patriarcal.
Uma aliança ou parceria Luso-Francesa teria tudo para ser sólida e mutuamente útil.
Para todos os países que possuem diferendos ou rivalidades com Espanha, Portugal tem a vantagem única de poder oferecer a impossibilidade de junção entre as frotas Espanholas do Mediterrâneo e do Atlântico.
Infelizmente a “política externa” Portuguesa está mais concentrada na “Europa” do que nos reais e objectivos interesses Portugueses.