segunda-feira, 2 de março de 2009

Guiné - o "backyard" lusófono?...

A Guiné Portuguesa é claramente um estado-falhado. 

Em claro contraste com Cabo-Verde, Bissau não conseguiu construir uma sociedade civil, um governo viável ou uma economia sustentável e se por um lado os países lusófonos têm descurado a Guiné durante décadas, também é verdade que o próprio país tem problemas endémicos e dificilmente solúveis.



Excusado referir a falha tremenda dos serviços de informações lusófonos que mais uma vez não foram capazes de manter as respectivas lideranças de sobreaviso em relação a um membro da CPLP.
É vergonhoso que nem a ABIN nem o SIE nem sequer o SIED tenham sido capazes de prever um resultado (já expectável) da tensão montante em Bissau.

Falta de visão estratégica e desinvestimento na área de informações aparte, o Ministro Luís Amado pelo menos reagiu depressa o suficiente para convocar de imediato uma reunião de emergência da CPLP.
Já que aparentemente o mundo lusófono não é capaz de se manter ao corrente daquilo que se passa na sua área de influência, esperemos que no mínimo esteja ciente de que é imperativo estar à frente da Francofonia, do AFRICOM e da ECOWAS na sua resposta à crise.

Parece claro no entanto, que uma solução para a Guiné passa necessariamente pelo abandono da política de não intervenção. A instabilidade política exige por si só a presença de uma autoridade maior que o esporádico voto do povo Guineense.
Igualmente exigente é a crescente presença de redes organizadas de narcotráfico, que transformaram a Guiné numa plataforma rotativa do triângulo comercial atlântico do tráfico de estupefacientes.

Não é através de míseros financiamentos à polícia Guineense que o crime organizado transnacional vai ser eficazmente combatido.

Fica a dúvida: será que no meio de uma recessão, os líderes da CPLP têm capacidade financeira e vontade política para meter mãos ao trabalho? 

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España / Condena atentado en Guinea Bissau 

La France condamne avec la plus grande fermeté l’assassinat du président de la République de Guinée Bissao

US condemns assassination of Guinea-Bissau president

Nigeria: Yar'Adua Condemns Assassination of Guinea-Bissau President

2 comentários:

  1. Nao digo em relaçao a Portugal, mas pelo menos na naçao que nasci, acho muito curioso que nosso governante, que ja revelou publicamente , que prefere ter relaçoes comerciais com naçoes africanas e que estejam em situaçao de risco, nao de uma palavra ou um faça um gesto sequer em relaçao a uma naçao irma de lingua. Acho interessante tbm que ja que ele comanda uma naçao que representa a maior naçao da lingua portuguesa, nao de um incentivo ou um alerta para os outros paises de lingua irmaos. So Portugal nao deve tomar esse peso e tentar sozinho sem ajuda de outras naçoes, ajudar essa naçao em dificuldade economica e politicamente instavel.

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  2. "(...)Tudo é possível no meio da desordem, mas certo e seguro é que num estado falhado como a Guiné-Bissau só uma forte presença militar e policial estrangeira que comece por conter o tráfico de droga possa vir a dar alguma credibilidade a qualquer esforço de estabilização.
    Mas é melhor não contar muito com isso.
    Os tratos da Guiné sempre foram uma coisa brutal."

    - João Carlos Barradas





    Precisamente...

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